A especialista em psicologia clínica e mestra em filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rosane Lorena Granzotto, destaca a necessidade de se desenvolver políticas públicas não só na saúde, como também em educação, segurança, lazer e trabalho. “O suicídio é decorrente de estados de sofrimento que têm causas multifatoriais, constituídas, principalmente, a partir da relação das pessoas com seu entorno social. Podem estar associados a fatores emocionais, psiquiátricos, religiosos e ainda a características sociais, econômicas e culturais, que são centrais em nossa sociedade, tão marcada pelas desigualdades”, afirma.
A ideologia do consumo, bem como os padrões estabelecidos pela coletividade, contribui para que os indivíduos desenvolvam a angústia de não se encaixarem naquilo que é posto como ideal, campo perfeito para a ansiedade entrar em ação. “Essas características, combinadas, podem produzir um estado de individualização competitiva e isolamento psíquico, que provoca uma extrema fragilidade, por vezes, manifestada na depressão e em predisposição ao suicídio”, explica a especialista. “Os vínculos afetivos e humanizados estão se tornando cada vez mais frágeis. A falta de referências nos deixa à deriva, pois tudo é passageiro e substituível, e nós também somos”, esclarece Rosane.
Um apoio multidisciplinar é fundamental na luta pela vida e médicos, psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais devem atuar em conjunto para ajudar os pacientes que estão enfrentando problemas de ordem mental. Dessa forma, o tema merece atenção redobrada de todos os trabalhadores da área da saúde. “Serviços de acolhimento e escuta, como, por exemplo, o Centro de Valorização da Vida (CVV), podem ajudar pessoas em momento de desespero, porém, não constituem um tratamento”, alerta a psicoterapeuta, também coordenadora e professora do curso de Especialização em Gestalt-terapia do Instituto Granzotto de Psicologia Clínica Gestáltica. “Além da busca por psicólogos clínicos, psicoterapeutas e psiquiatras, o apoio da família e de amigos é essencial”, pontua.
Mas o que os profissionais da Radiologia podem fazer para contribuir na luta contra o suicídio? Rosane dá uma resposta simples, no entanto, valiosa: “Olhar seus pacientes como seres humanos e entender que junto com a patologia física também há a possibilidade de sofrimento psíquico, ouvindo-os e, talvez, encaminhando-os para atendimento especializado, se necessário”, aconselha. Para os que conhecem alguém que possa estar passando por isso, seja um amigo, conhecido ou um familiar, o acolhimento é essencial. Essa pessoa está sofrendo e precisa do suporte daqueles que estão por perto, inclusive para ir atrás do auxílio adequado.
O CVV, citado anteriormente nesta matéria, não substitui o tratamento com especialistas, mas pode ajudar nos momentos difíceis. O atendimento sigiloso é gratuito e disponível 24 horas por telefone, e-mail, chat ou presencialmente. O serviço de apoio está presente em todo o Brasil e os contatos e endereços podem ser conferidos no site www.cvv.org.br.
Fonte: Site do Conter / Notícia